Olá queridos,
Amigos,
Até aqui vim explanando tendo como base minha própria
trajetória, e valendo-me também do ensinamento da Seicho-No-Ie, que professo e
estudo há mais de 27 anos.
Durante cerca de 25 anos dentro do movimento, tive a
oportunidade de trabalhar com os jovens. O que me fez mergulhar fundo neste
universo, orientando e sendo orientado nas mais diferentes paisagens que
envolvem a vida em processo de crescimento, adquirindo maturidade.
Tenho minhas dúvidas se um dia teremos todas as respostas. Bem,
penso que não. E, tenho minhas dúvidas também se um dia seremos maduros,
sem medos e totalmente seguros. Maduros
ou não, uma coisa eu sei, quando a gente se encontra, adquire autoconfiança – e
esse atributo muda pra sempre a nossa caminhada.
Se você esta tendo contato com este blog pela primeira vez,
gostaria de lhe sugerir que volte um pouco e leia com atenção desde a parte
1, com certeza irá lhe posicionar melhor e lhe ajudar neste mergulho.
Da parte 1 a 6, vimos algumas das inúmeras carências que o
ser humano pode vir a desenvolver, já a parte 7 narra o porquê do nascimento, e
neste post vamos por outras correntes lançar um olhar para outros recifes e corais e seguir para os finais deste mergulho. E aqui o sucesso da sobrevivência não vem do conhecimento e sim da harmonia com a vida, e da vontade de viver que brota, resultado deste harmonia.
Como tomei por base minha própria trajetória, deixei de
abordar muitas outras questões que também envolvem a relação, nascimento, pais e
filhos. Mas mesmo aquelas cuja a vida não se exemplifica nestes post, poderá
por meio desta reflexão encontrar muitas respostas.
Outro ponto que também preciso deixar claro, é que não
defendo nenhuma bandeira do tipo, “pare seu tratamento e dedique-se apenas ao
lado espiritual”.
Diferente de outros pensamentos, a Seicho-No-Ie nos ensina
que o ‘viver religioso’ acontece quando nos relacionamos com o mundo,
principalmente com o nosso mundo e não quando nos isolamos dele.
Como estudante de meditação, convivo com diferentes
praticantes. Sempre ouvindo, estudando, praticando, interpretando e buscando o meu
caminho. Recentemente fui ouvir o relato de um conhecido que ficou
três meses em clausura de meditação. Um ponto que ele descreveu em sua
experiência e que me serviu muito de reflexão, foi sua percepção de que, antes
de exilar-se precisamos apreender a meditar no mundo. Ou melhor, podemos usar tudo a nossa volta
para nosso aprendizado... Ainda espero viver a aventura de uma clausura meditando estou me
preparando para isso.
Atualmente pratico a Meditação Shinsokan e também Meditação Transcendental,
duas técnicas diferentes, mas singulares, e, esporadicamente Shamata pura, impura e Vipassana. Na Seicho-No-Ie, não temos retiros específicos de meditação, nossos retiros envolvem vários aspectos, além da meditação como o estudo da verdade e convívio com o próximo. São retiros de dois, tres, cinco ou dez dias. Cada momento é impar e os resultados são narrados pelas mais de quarenta mil pessoas anualmente que passam por eles como sendo uma experiência, única.
Já participei de retiros Budistas, de meditação, estive em um de tres dias, foi muito bom, de três meses acho que não conseguiria, mas espero em breve viver uma imersão de quinze dias. Mas tudo isso é um outro capitulo.
O que precisamos compreender com mais profundidade, é que
dentro da nossa vida, ou mesmo do nosso mundo, das nossas cercanias, estão os
elementos indispensáveis para o nosso aprimoramento. Não precisamos de nenhuma
viagem para fora de nós, nenhuma aventura, além do nosso convívio que poderá
nos trazer respostas. As respostas estão aqui, diante de nós.
O nosso grande mestre sempre é o nosso ambiente.
Claro que, quando na clausura mental, ou em uma viagem, ou mesmo um
retiro espiritual, uma imersão em uma Academia de Treinamento Espiritual, como
as da Seicho-No-Ie, tudo muda, encontramos muitas respostas e abrimos os olhos da mente – e tudo sempre muda com mudança do observador - do eu.
Há um tempo, navegando pelo facebook, vi a foto de uma mulher
muito magra, que atribuía sua magreza ao fato de viver nas redes sociais, e
compartilhei para brincar com minha tia, mostrando que ali estava à solução dos
nossos problemas, passar mais tempo nas redes sociais. Comento isso, para mostrar como em muitos momentos
estamos cegos, ou mesmo indiferentes com alguns dos problemas que envolvem os
seres humanos. Logo percebi que algumas
pessoas ficaram profundamente ofendidas com a minha falta de atenção ao
compartilhar aquela foto. Por não ter notado que a foto dava a entender, que
aquela senhora sofresse de um mal profundo e com aquele humor negro
desrespeitávamos completamente sua vida, e suas dores.
Li com atenção, todos os mais de oitenta e três posts no
assunto, mas o que mais me tocou foram as pessoas que a defenderam, justamente
por conviverem e auxiliarem pessoas com esses problemas.
Estes e outros pontos não estão contemplados em nosso
mergulho, mas ainda assim, a anorexia está ligada ao amadurecimento
autocentrado, um aspecto negativo do ego, a bulemia está ligada também as
pessoas que não aceitaram uma determinada situação – talvez uma perda, ou o
medo da perda em sua trajetória- e querem a todo custo expurgar de sua vida
esse aspecto, tudo ligado ao corpo. Ligada as “dores do corpo”.
Outras questões, como por exemplo, a bipolaridade, o déficit
de atenção, os transtornos de atenção, ou mesmo a hiperatividade não foram
abordados, mas ainda assim os “nós” primeiros dessas ilusões envolvem nossa
relação com nossos pais.
De um modo bem resumido, vimos algumas carências, dentre
elas entrei no tema dos “vícios ocultos”, no próximo post, vamos mergulhar um
pouco mais no mudo dos vícios, já outras questões pretendo abordar em outros momentos.
Mas a pergunta é : Como livrar-se das carências?
Primeiro precisamos entender o que é carência. Segundo Michaelis, o dicionário virtual brasileiro, carência
pode ser falta, ou necessidade, ou privação. Existem outros significados, mas
nos atemos a estes.
O Preletor Katsumi Tokuhisa, em seu livro a Prosperidade está na Mente. Nos ensina
que o ser humano possui cinco desejos básicos: ser amado, ser livre, ser útil, ser
elogiado e ser reconhecido.
Analisando bem esses aspectos naturais. Podemos concluir,
que na falta, na necessidade ou na privação de um desses desejos, todos nós
vamos ter em maior ou em menor grau uma espécie de carência.
Sendo assim, carentes todos nós somos.
Basta algo fugir do nosso controle, alguém não reconhecer
que somos úteis, não nos sentirmos amados e assim por diante, que lá estará à
carência.
Segundo o professor Masaharu Taniguchi - fundador da
Seicho-No-Ie - em seu livro A Verdade volume 8 - Fé, tudo aquilo que a
gente alimenta, cresce. Tudo que damos vida, irá possuir vida. Tudo aquilo que a gente
reconhece, passa a ter existência. E tudo aquilo que a gente não alimenta, não se
desenvolve, não tem forma, não se sustenta.
O que nós estamos alimentando?
O que estamos
cultivando?
Se você alimenta a carência, vai chegar uma hora que ela
dominará toda a sua existência. Pequenas questões podem vir a tornarem-se os
maiores vilões da nossa existência.
Na Seicho-No-Ie aprendemos e treinamos nossa mente para
sempre reconhecer o bem, o belo e a verdade. Não como fuga da realidade, mas como
método para transformar nossa realidade, de modo a deixar de alimentar o que
não possui existência verdadeira.
Até aprendemos uma palavra de ordem que é: “o que não
existe, não existe, só tem de desaparecer”, e assim não alimentamos as
carências e elas deixam de ter peso sobre nossa existência.
A verdade que rege a nossa vida nos dias atuais, funciona
tal qual o verbo “ser” conjugado no tempo presente. Aquilo que você aceitar que
é, assim o é.
Pare um pouco e responda: Qual é a verdade da sua vida?
Se a verdade da sua vida é: nada da certo, assim o é!
Agora
se a verdade da sua vida é: aonde quer que eu vá às portas se abrem, assim
também o é.
Veja que nossas respostas refletem o que somos, e o que
somos são resultados das nossas escolhas, e nossas escolhas foram realizadas no
modo como fomos lidando com nossas questões primárias. Na verdade, não foi o
que aconteceu, mas a resposta a aquilo que aconteceu, que fez com que o eu fizesse determinadas escolhas, e essas se converteram nas mais variadas verdades.
Esses dias conversando com uma amiga, Líder da Iluminação da
Seicho-No-Ie, preparando-se
para uma palestra; ela comentou que tinha acabado de ler na Revista Veja, que
atualmente existem alguns adolescentes que estão buscando o caminho da automutilação
como forma de prazer.
A automotilação é um distúrbio de comportamento que faz com
que a pessoa agrida o seu próprio corpo ao sentir tristeza, raiva, nervosismo
ou viver um trauma.
Um estudo realizado na King's College, em Londres, e na
Universidade de Melbourne, na Austrália entrevistou 1.943 adolescentes de 44
escolas de todo o estado de Victoria, Austrália, com idade entre 15 e 29 anos.
149 relataram automutilação, as meninas mais do que os meninos.
Durante a adolescência, os incidentes de automutilação foram
associados de maneira independente com sintomas de depressão e ansiedade,
comportamento antissocial, de alto risco de uso de álcool, drogas e cigarro.
O número assusta quando vemos que um em cada 12 jovens se
mutila, com agressões como cortes, queimaduras e batidas do corpo contra a
parede. Para aqueles que se autoflagelam, a prática é uma tentativa de aliviar
sensações como angústia, raiva ou frustração.
O que causa automutilação?
Em entrevista a revista Época, a socióloga da Universidade
do Colorado, nos Estados Unidos Patricia Adler, que estudou durante dez anos
automutilação, juntamente com o marido, o sociólogo Peter Adler, afirma que
casos como esses são fruto da criação de uma cultura tolerante à autoagressão.
De acordo com Patricia, os jovens se cortam porque acham a
vida dura. Ela conta que a automutilação era uma patologia mental discreta até
os anos 1990, quando artistas e celebridades começaram a assumir a prática em
público e, com isso, estimularam mais jovens a se agredir. Porém, a
pesquisadora afirma que muitas pessoas entrevsitadas na pesquisa planejavam
seus ferimentos de forma racional, pensando naquilo como uma válvula de escape
para dias tensos ou como fatores que lhes acalmavam, o que não segue o modelo
psicológico. "Está virando uma tendência, uma moda. E competem para ver
quem sofre mais, quem tem mais dor", afirmou. (fonte: http://vilamulher.terra.com.br/automutilacao-meninas-jovens-sao-as-maiores-vitimas-8-1-57-135.html)
Veja! Para cessar um tipo de carência, se busca uma automutilação.
O estranho é que estes mesmos jovens, não elencam um problema maior, muitos até
possuem lares saudáveis, mas o modo como respondem a vida, os fazem buscar um
método para anestesiar a mente, e na automutilação vivem uma espécie de êxtase
que os tira do foco da dor, através de uma outra dor.
Outra vez voltamos ao ponto central, meu nascimento, minha
resposta para a vida, minha leitura de vida, minhas escolhas.
Por mais duras que sejam as experiências, por mais sólidas
que sejam as dores, podemos abandonar tudo, e nos livrar de tudo, uma vez que o
perfeito existe dentro de nós.
Sim, existe um caminho para libertar a alma. O caminho está
na reconciliação com a nossa história, com quem somos, com quem nos permitimos
ser.
E esta cura está na nossa relação com os nossos pais. No
amor entre pais e filhos existe a cura.
Neste amor, descobrimos quem somos, e nele poderemos
restaurar nossas vidas.
Continua...
Ariovaldo Adriano Ribeiro
fotos by Ariovaldo Ribeiro - albúm sitio quimera - São Roque - SP