quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O dia em que o mundo não acabou – Parte Final.

     
Um mergulho para a cura da alma pela descoberta do amor aos pais. 

Sobreviver e ter sucesso, uma vida com significado. Eis a questão! E, já que o mundo nos deu uma trégua esse é um importante momento  para renascer.

Ao longo desse ano realizando esse mergulho, vivi várias experiências, algumas com muitas alegrias, o encontro com meu pai, a semana que passei em Rolim de Moura em companhia de minha família, com minha mãe, tia, tio, primo e minha prima afilhada e com os amigos do meu tio. Um momento tão bom que posso eleger um dos melhores do ano. Como é bom estar em casa. Mas também atravessei cavernas, escuras de minha alma, sofri, chorei, me busquei, aprendi, amei, perdi, fiz uma melhor amiga, perdi a melhor amiga, sai ferido, uma costela se quebrou no caminho e quase pensei que realmente o meu mundo tivesse chegado a fim, é tudo foi muito intenso. Em um balanço acurado posso dizer que estive em muitos recifes com lindos corais e de infinitas cores, afinal mais de oitenta por cento do ano foi explendoroso, muitas conquistas e alegrias. O mais nobre de tudo é que posso concluir que a felicidade permanente vem do tratamento das causas que fundamentam o sofrimento.
Mais uma vez tomo consciência de que quando você não administra seus estados emocionais é escravo deles. O impulso por sobrevivência quando não alinhado com nosso “interior sagrado” nos conduz com mais força na direção da infelicidade do que da felicidade.
De onde vem a força que nos convida a reagir, a abrir os olhos, a sair do ermo recôndito da tristeza e avançar, - ela vem da AUTOCONFIANÇA. No lugar de repetir de modo compulsivo, as mesmas experiências na tentativa de vivenciar estados temporários de felicidade, podemos treinar nossa mente para reconhecer aceitar e repousar a nossa alma em uma experiência mais duradoura de paz e contentamento.

Quando alcançamos a convicção de que foi bom ter nascido neste mundo, nasce a verdadeira alegria de viver.
Escolhendo a Felicidade

Observe uma criança, brincando no tablete de seu pai, obcecada para terminar o jogo e ganhar mais pontos. Desde essa tenra idade a gente já percebe como os jogos são viciantes, e entorpecem e escondem nossa direção. Então agora olhe para a vida de um adulto, e veja como todas as carências, paixões, ilusões financeiras e todas as mazelas que tratamos ao longo de todos os posts nesses mares também é um jogo, um tabuleiro um pouco maior que  entorpece a nossa natureza divina e nos impede de manifestarmos nossa potencialidade.

Conforme vimos até aqui uma vez que você se compromete a “curar a sua alma”, inevitavelmente você começara a ver mudanças em sua experiência cotidiana.
O melhor de tudo, é que uma vez que você começa a ver o seu potencial, você também começa a reconhecer esse mesmo potencial em todos que o cercam. E assim, aos poucos as coisas que costumavam a assombrar você perdem o poder de perturbá-lo. Você se torna intuitivamente mais sábio, mais descontraído e mais aberto. Passa a reconhecer os obstáculos como oportunidades de crescimento, e mais ainda seu senso ilusório de limitações e vulnerabilidade aos poucos vai se dissipando, e descobre nas profundezas do seu ser a verdadeira grandiosidade de quem você é.

Escolhemos a tristeza porque podemos escolher, mas agora sua pratica deve ser a simples aspiração de melhorar. Não é difícil reconcilia-se com sua história com sua Vida, e de quebra sempre terá essa autoconfiança que o irá impelir a vencer, em quaisquer circunstância, mesmo em um ano em que o fim do mundo se revelou para você.
O ponto essencial da cura, é a descoberta do amor. O despertar do seu amor para os seus pais.

Em o livro: “O amor entre pais e filhos” de autoria do Professor Seicho Taniguchi, podemos compreender através dos inúmeros relatos de pessoas que transformaram suas vidas, pela reconciliação com sua história, que fica evidente que o caminho é o amor incondicional.

No mesmo livro o autor nos ensina que quando nascemos neste mundo, recebemos da Vida, dois ingredientes que são indispensáveis para o nosso amadurecimento. Todo mundo recebe na medida da dosagem exata da necessidade de cada um. Cada um recebe aquilo que necessita receber.
Um ingrediente é o amor, e o outro é a disciplina.

Geralmente o amor, vem no papel da mãe, e a disciplina na função do pai. Embora possa alternar-se mas o fato é que recebemos o que precisamos receber. Alguns claro, necessitavam de mais disciplina e puderam experênciar diversos revezes, outros porém receberam mais amor.

Quando falo de disciplina você pode apertar a tecla “sap.” e ler também como aquele surra, aquele abandono, aquele maltrato, de um certo modo foi necessário. Estava dentro da nossa necessidade, como parte do pacote que nos leva ao amadurecimento.
Na ausência de um desses dois elementos, a Vida é justa ainda assim ela vai realizar um arranjo para que a gente possa receber o que necessitamos, ou na figura de um avô, de uma tia, ou mesmo de um irmão mais velho, de uma professora, do padrasto, que segundo o ensinamento da Seicho-No-Ie é apenas alguém realizando a função de “Pai Espiritual”, a continuação da função PAI. Desta forma você recebeu o que você precisava receber.

Após essa etapa de solver, passamos para uma outra faze. A RUPTURA.
Algumas pessoas vivem essa experiência aos nove anos, aos quinze, enfim a questão aqui é que existem muitas pessoas na vida adulta, que ainda não passaram por essa ruptura. E quando olham para sua vida, convivem com a sensação que algo está errado, que o seu nascimento foi um erro. Que nunca foram amados, e por aí vai. Basta ler todos os post anteriores que vamos perceber o quanto – a não ruptura – pode trazer inúmeros problemas.

Essa faze é quando começamos a caminhar com as nossas pernas. Nesta etapa tomamos conhecimento de que tudo é de nossa inteira responsabilidade. Que parte de nós e que depende de nós. É neste momento também que compreendemos que se temos a sensação de que não recebemos é porque no fundo a gente precisa doar.

Aqui o amor segue sendo a mola mestra de nossa vida, e a disciplina se transforma em sabedoria, que cura as feridas dos espinhos  e nos livra das tempestades e mares poluídos.

Mas como viver essa ruptura?

Nascemos neste mundo com a permissão de Deus, pelos laços cármicos escolhemos os nossos Pais, escolhemos onde nascemos, e tudo o mais que possa vir no pacote. Tudo como oportunidade para o encontro com o nosso “eu” mais profundo expresso na figura do outro.

Dentre todas as definições para VIDA, já comentei aqui que uma das quais mais aprecio é quando a Seicho-No-Ie nos ensina que a VIDA, é uma escola.
Só que precisamos compreender que nós, já viemos de uma outra escola, e já cursamos outras disciplinas. Passamos até por inúmeras escolas. E nascer onde estamos é justamente uma das oportunidades para graduar-se em disciplinas negligenciadas no passado. Dai então que os laços sanguíneos que nos unem, a família, os amigos, nosso trabalho sempre irá funcionar como um mundo de limites para nossa graduação. E nossa primeira etapa nesta vida, as lições primárias porém  mais fundamentais encontram-se no elo entre pais e filhos. No amor que se manifesta entre meio, está minha cura, e também minha reconciliação mais profunda incluso dos erros cometidos em outras escolas, melhor frisando em outras vidas.

O primeiro passo, para um viver pleno está em reconciliar-se consigo, que significa dizer, reconciliar-se com seu nascimento como ser humano na face da Terra. E, isso se dá na reconciliação com seus Pais.
Lembre-se se você não recebeu talvez para graduar-se com maestria você precise doar.

Preste atenção nesta narrativa, ela é fictícia porém é baseada em fatos reais no exercício da orientação pessoal:
- Um dia dois amigos, no final de um expediente resolveram tomar uns “birinaites”. Tratava-se de dois engenheiros altamente renomados com diversos prêmios internacionais e de dois grandes amigos. E assim iniciaram o seu “happy-hours” mandando ver nos drinques. Bem o grande problema aqui, não é o que entra. Mas sim o que se tem dentro. Dentro da caixa de pandora que é o seu subconsciente. Uma bebida com amigos pode até ser um momento de convívio social. Mas dependendo do conteúdo da caixa de pandora, tudo pode se perder. Sendo assim, já que você não sabe o que possa ter em sua caixa de pandora, deixo uma advertência: não beba.

Mas nossos dois amigos, seguiram em sua trajetória, até que um deles, provavelmente ao acessar a sua caixa, começou a lamentar-se alegando possuir uma grande dor na alma. Só pelo fato de estar vivo, ele sentia essa dor. Assim tomou a decisão de contar um grande segredo, apesar de ser bem sucedido, ele convivia com uma dor na alma.
Mas ele sabia, de quem era a culpa e assim foi logo dizendo que tudo era culpa de seu pai. Um pai sempre ausente. Um pai que só importava com seus irmãos. Um pai, que nunca o elogiou que sempre se manteve distante. Sua vida foi marcada por inúmeras tentativas de receber o reconhecimento do pai, mas tudo em vão. Ele chegou a ser laureado como melhor aluno na Universidade, ofereceu o prêmio para o pai, que não compareceu na solenidade. E toda vez que ele entrega uma grande obra, sempre espera que o pai, passe pelo local e pelo menos reconheça: esse projeto tem a participação de meu filho. Mas isso nunca aconteceu. Assim ele convive com essa dor na alma, por estar vivo, e, a culpa é do pai.
Logo depois do amigo, ter aberto o coração o outro já lá com sua alma também totalmente aberta começou a chorar, dizendo que também tinha uma dor na alma. Afinal os semelhantes se atraem e como não poderia ser, os dois compartilhavam dos mesmos sentimentos. E o amigo também foi logo falando ser possuidor de uma dor tamanha, e que também sabia de quem era a culpa.

E a culpa era do seu ....pai.

Só que com ele foi diferente: - eu mau saí das fraldas e meu pai, foi me deixar na escolinha, entrei naquela sala, um ambiente inóspito, lembro-me de chorar muito, eu não queria estar ali, mas o que mais me doía era o fato de olhar pra porta e lá ver meu pai acenando pra mim.
E assim, foi toda a minha vida, eu nunca brinquei como uma criança normal, pois eu chegava da escola e meu pai, logo perguntava você tem alguma tarefa meu filho? Então só vai sair para brincar quando terminar a tarefa. Quando eu terminava meu pai me dava  mais tarefa.

Aos onze anos meu pai, me deixava na porta do colégio e beijava minha bochecha. Aos quinze me buscava na casa de minha namorada. E assim, foi a minha vida inteira.
E toda vez que tenho um grande trabalho, quando entrego, lá está o meu pai acenando pra mim. Viver dói e a culpa é de meu pai.
Veja bem, duas carências paternas. E o que podemos notar nessa narrativa?

Um que recebeu e o outro que não recebeu.
A questão não é se você recebeu, ou se você não recebeu, o que vai implicar na sua história de vida, é a resposta que você dá.

A resposta que você dá é que faz a diferença.
Não é o que o outro fez. Mas sim como você se colocou diante do que você recebeu.

Deste modo se viver dói, ainda assim para não buscar inúmeras válvulas de escape como todas vistas até esse post, precisamos nos reconciliarmos com quem somos. Com o que recebemos, com nossas respostas, com nossas escolhas.

Mais uma vez, volto a frisar se você não recebeu, quem tem que dar é você. E, agora se você recebeu e isso lhe fez mau, você precisa aceitar ser amado. Se não foi amado, ame, se foi amado, e lhe incomodou retribua o amor, para sentir-se pleno.

Deste modo,  é que se passa pela ruptura.

E nesta graduação já estamos caminhando com nossas próprias pernas. Somos capazes de fazer escolhas conscientes. Somos capazes de conviver com nossa divindade, e não mais nos preocupamos com nossas ilusões.

O professor Seicho Taniguchi nos ensina que não importa a idade, mas  que, quanto mais agradecemos os nossos pais, mais nos tornamos adultos perfeitos e o resultado desta gratidão é um futuro promissor.
Se um dia o seu pai, encontrou a sua mãe, e deste encontro você nasceu. A missão foi cumprida. O que você vai fazer daqui para frente é que vai fazer a diferença na sua vida, não foi o que os seus pais fizeram. Se seus pais também se separaram, perceba de um modo mais profundo: o carma é dos seus pais – não tem nada a ver com você.

Seu pai, ainda que você não conheça, ainda que se perca, ele é o seu pai. E está em agradecer a este pai, a amar este pai a grande vitória da sua vida.
Se sua mãe, lhe abandonou, nada disso tem importância, aonde quer que ela esteja que possa receber o seu amor, a sua gratidão, esse deve ser o seu sentimento.

Seus pais estão dentro de você. Ao começar a agradecer, você irá movimentar a sua energia, a energia da sua Vida, a energia que lhe conduz ao sucesso, e a autoconfiança.
As vezes dependendo das dificuldades que nos encontramos precisamos perdoar os nossos pais, para depois poder manifestar sentimento de gratidão.

Quando conseguimos dizer: Papai Muito Obrigado. Mamãe Muito Obrigado, podemos dizer que estamos amando os nossos pais. E essa é a virada, essa é a cura de todos os nossos males. Tratamos em muitos momentos na superficialidade, mas temos que descer no recôndito da nossa alma para viver a grande reconciliação. E ela está em manifestar amor para com os nossos pais.

É comum algumas pessoas por terem vivido até uma vida do ponto de vista da moral, boa com seus pais, não conseguirem entender a importância da gratidão aos pais.

Há casos que a ausência do sentimento de gratidão é o pior inimigo. A falta de compreensão, a incapacidade de ouvir o outro, de acolher suas histórias, a necessidade de firmar-se como centro, como adulto, gera um grande vazio que não se explica e não se cura com nada neste mundo. Se trilha caminhos terapêuticos, busca-se o amor no outro, obtém-se até sucesso como profissional, mas vira e mexe é perseguido, sofre reveses e não se entende o por que de tantos acontecimentos ruins.

Falta manifestar amor, compreenda: o amor de Deus, só pode ser experenciado no amor que manifestamos aos nossos pais. Quando reverenciamos nossos pais, como Deus, podemos saber o que é de fato amor, nos ensina a Seicho-No-Ie, e neste momento somos livres de todas as dores.
Bem deixando agora esse oceano, aproveitando que estamos recebendo um mundo novo, vamos intensificar ainda mais nossa gratidão aos nossos pais.

Você pode pegar um caderno, desses escolares com dez matérias, e escreve-lo todo: Papai Muito Obrigado, Mamãe Muito Obrigado. Você também pode pegar um quilo de feijão, e a cada feijão de um lado para o outro, você  pode fazer essa pratica, e dependendo da gravidade dos seus sentimentos neste momento se são confusos, ausentes, ou mesmo se você estiver vivendo qualquer um  dos problemas que tratamos neste mergulho, aproveite essa pratica para fazer a oração do perdão.
No inicio pode ser desconfortante, mas lembre-se a prática ela é mecânica o resultado é no cotidiano. Além do mais quem inicia a pratica é a boca, mas tão logo ela toque o coração sua vida ganha um novo significado.

Leia o livro Buscando o amor dos Pais, (www.sni.org.br/livrariavirtual)  e aproveite essa leitura como pano de fundo para intensificar ainda mais sua gratidão.

Já que o mundo não acabou vamos juntos dar um novo significado ao nosso mundo através do amor aos nossos Pais.

Lembre-se: quanto mais você agradece aos seus pais, mais você se torna um adulto perfeito e tem um futuro promissor.

Descompensando, voltando a superfície.
Fim do mergulho!

Reverências,

Ariovaldo Adriano Ribeiro
fotos by Ariovaldo Ribeiro