Um
mergulho para cura da alma pela descoberta do amor aos pais.
Capitulo
1
No
ano de 2011 tive a oportunidade de representar a Seicho-No-Ie em três eventos
que envolvem este tema. Estive no “Seminário Estadual de Políticas
Públicas de Combate às Drogas”, no anfiteatro do Denarc (Departamento de Investigações
sobre Narcóticos) dia 29 de agosto.
O
seminário foi idealizado pela Câmara Federal, sob coordenação da comissão
especial para promover estudos e predisposições de políticas públicas e projetos
de Lei destinados a combater e prevenir os efeitos do crack e outras drogas
ilícitas. Tendo como pauta combater o uso de substâncias entorpecentes entre a
população brasileira, suas consequências e formular proposições para a sua
prevenção e controle.
O convite foi feito a Seicho-No-Ie pela
deputada Keiko Ota, que faz parte da Comissão, meu tema foi: Reinserção Social.
Depois
estive presente no seminário, dia 10 de outubro, a pedido do relator da Cedroga
- Comissão Especial de Combate as Drogas,
deputado Givaldo Carimbão. E também em outro seminário, desta vez, na
Assembléia Legislativa de São Paulo, coordenado pela deputada federal Aline
Corrêa, com colaboração da deputada federal Keiko Ota, que novamente convidou a
Seicho-No-Ie para trazer ao evento uma visão espiritualista, dentro do tema.
Nesta
oportunidade a preletora Sônia Hipólito também discursou em nome da Seicho-No-Ie.
Nestes
eventos, tive a honra de conhecer especialistas no assunto, e também ouvir
relatos de pessoas que vivem o dia a dia do dependente químico, os chamados
codependentes, e que foi para meu estudo e visão uma grande contribuição.
Abençoo,
louvo e oro para que Deus instrua e oriente os trabalhos da deputada federal
Aline Corrêa, deputada federal Keiko Ota - que é membro da Seicho-No-Ie, deputado
federal Arnaldo Faria de Sá e deputado estadual Jooji Hato - também membro da
Seicho-No-Ie, neste trabalho da comissão. Precisamos de mais pessoas públicas
que discutam e promovam a prática do bem e da saúde, aos que se perderam na
viela das drogas, o que para muitos já é uma doença.
Já
em 2012, dia 06 de maio, representei a Seicho-No-Ie no 18º Fórum Religioso
Universalista realizado na UBE – União Brasileira Universalista em São Paulo - com
o tema “Droga - da dependência a independência”. Nesta oportunidade também pude
ouvir o posicionamento de outras denominações religiosas referente o assunto.
Um ponto ficou claro: para erradicar esse problema na nação brasileira, é necessário que toda a sociedade se mobilize, debatendo, conhecendo, conscientizando e
acima de tudo, trabalhando na prevenção, para que o ser humano não se perca
nesse mal.
Permita-me falar um pouco da minha experiência.
Cada
vez, é mais difícil - graças a Deus -, descer ao sótão da minha mente e
revisitar antigos sentimentos que me levaram as drogas, graças aos anos de
estudo e práticas da Seicho-No-Ie não sinto mais as dores na alma daquela
época.
Mas
um dia estive ali, tocando a vida, mantendo a cabeça acima das dores, sem olhar
pra elas com medo da própria realidade.
Estive
no vazio, na solidão... Um dia ali, outro lá... trancado no banheiro do trabalho, me drogando as
escondidas em pleno sol, no alto dos 35 graus de Rondônia.
O que era, para alguns, apenas umas tragadas numa festa. Para mim, viver em torno
de uma névoa de maconha não me satisfazia mais.
De certa forma uma grande
injustiça, pensava eu. Por que alguns amigos podiam ir ao bar e tomar apenas um
chopp e ir para casa? E eu precisava - na minha compulsão - continuar bebendo,
tomando outro e outro até migrar para maconha e chegar na cocaína, usada já
fria, no banheiro do trabalho, pela vidreta escondida na meia da calça, com
medo de ser pego em uma blitz?
Vivia
a vida sem perspectiva. Sem alegria, repetitiva, obsessiva e impotente de um
viciado. Mesmo cercado por inúmeros amigos, e aparentando uma normalidade para todos, inclusive para a família.
Ainda que muitos cientistas
acreditem que a droga pode dominar certos centros de prazer do cérebro, o fato
é que o viciado fica concentrado em um ou mais prazeres específicos, excluindo
todo o resto, sem vida social, sem família, sem amigos, sem namorada, sem
esposa, sem marido, sem filhos. Até pode ter mas isola-se de todos.
Para
cada tipo de carência existe um tipo de compensação.
Analisando as inúmeras
orientações pessoais com este tema - meu padrão - o que li, e estudei; consegui
mapear do seguinte modo: a pessoa que vive na solidão, não por viver sozinho,
mas por estar só, podemos dizer na solidão intrapsíquica, irá abusar do álcool, pode até
parar por aí e ainda justificar-se que seu mal é somente e bebida alcoólica e o
que isso tem demais?
Para
quem vive no mundo dos sonhos evasivos, dos grandes projetos e pouca capacidade de
realização, fará uso da maconha como esteio. Ela também está ligada ao desejo
de mudar de vida, e pode funcionar como uma interação social, para os mais
tímidos. Já a cocaína, e os psicotrópicos similares até mesmo os sintéticos,
está associado a um desejo de sentir-se inteligente, bonito e satisfeito. Aqui estão os "semi-deuses", são cultuados e alimentam-se da idéia de popularidade.
Nos
seminários da Cedroga, que participei, vi que existem diferentes
tratamentos disponíveis para o alcoolismo e vícios em drogas ilícitas,
incluindo medicamentos, aconselhamentos e diversos programas. Hoje a medicina
está tão avançada, que qualquer um pode deixar os vícios.
Um dos maiores
entraves para o convívio na sociedade de alguém que está buscando uma nova vida é a dependência psicológica.
A medicina
evoluiu tanto que é facílimo tirar alguém de uma dependência física, mas o ser
humano recai por causa da dependência psicóloga. Dos padrões mentais cultivados antes, durante e após o contato com as drogas.
A
pior solidão é aquela em que nos auto-abandonamos. Esta sim, é a pior solidão.
O ser humano faz tudo para ter um convívio social, até o uso abusivo de drogas
é levado pela busca do convívio com o outro. É uma busca de amor, só que ao mesmo tempo ele faz de tudo para se isolar, e usa suas inseguranças, complexos,
fobias como justificativas, e chega realmente a crer com toda a sua alma, que ele está só sem amigos, sem família, sem reconhecimento vivendo uma vida mediocre.
Vivemos
em uma sociedade que para curar a inquietude é necessário ostentar uma casa
perfeita, um emprego perfeito ou mesmo um namoro perfeito.
O medo leva ao desespero,
já vi no exercício da orientação pessoal, pessoas altamente capacitadas que se
perdem pelo medo e pela necessidade de aprovação constante do outro.
Preciso
deixar aqui uma advertência: busque ajuda.
Já
convivi com muitas pessoas que conseguiram mudar o rumo da vida, e no encontro
com o seu “eu” (sua história), no encontro com o amor - esse, mais sagrado que estou tratando nestes
posts – o amor entre pais e filhos – capaz de curar a alma – ainda que tudo
isso seja otimista. Se você vive melancólico, constantemente deprimido, ou se
alguém do seu convívio está assim, por favor, busque ajuda! E se preciso for,
busque uma ajuda profissional ou peça para alguém fazer isso por você.
Quando
oriento jovens o primeiro passo para a libertação, é ganhar a confiança dos pais.
O arrependimento que pressupõe o desejo de mudar de vida deve vir, em muitos
momentos, - dependendo da gravidade do quadro - com um pedido de ajuda dos pais.
Sabe
que conversar com um preletor, é o mesmo que estar conversando com Deus, e o
mais complicado nestes casos é que não podemos e devemos como ética religiosa
manter a conversa no segredo de confissão, e em alguns casos, o tema
trás em si uma grande responsabilidade. Graças a Deus, contamos com a ajuda e
proteção do ANJO MOR, que sempre ampara e é quem verdadeiramente orienta. Sendo
assim, na orientação de questões específicas de abandono, construo uma
ponte para o diálogo e ele, é a luz para uma vida de lucidez.
Sem
preconceito, é necessário entender, que no caminho tudo pode acontecer, e não
importa o quanto um vício pareça controlado, a recaída sempre é possível.
Muitos viciados param e ficam limpos e sóbrios apenas, por exemplo, com um
Seminário em uma das Academias da Seicho-No-Ie, caso se permitam um mergulho na
Verdade, e sobre tudo, no encontro com o Amor de Deus, através dos pais, ou
mesmo compreendam o que está em jogo.
Basta
lançar na alma um fio de esperança, uma pequena luz chamada ‘amor’, que já é o bastante para aquecer e tirar do coração o frio o vazio e a tristeza.
Porém,
não é incomum pessoas com vícios, terem uma ou várias recaídas antes de
finalmente obterem êxito. Isso explica por que, para alguns, um objetivo
realista pode ser recaídas cada vez mais raras e fases de sobriedade cada vez
mais longas. Claro que, a meta principal é não haver mais recaídas, e manter-se
limpo, mas precisamos sempre estar alertas e temer um pouco o excesso de
confiança. Mesmo após quase 22 anos eu ainda adoro o cheiro da maconha, mas
quando decidi me manter limpo, eu fiz uma escolha: ser feliz.
Depois busquei ao longo do meu caminho, sempre a comunhão com o bem, abandonei
a melancolia e as carências que me levavam a uma vida sem significado.
E
se foi possível para mim. Também é possível para você.
Continua
para não ficar muito longo...
Ariovaldo
Adriano Ribeiro
Fotos
by Ariovaldo Ribeiro