segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A última fronteira – drogadição - parte 10 em 2 capítulos.


Um mergulho para cura da alma pela descoberta do amor aos pais.

Capitulo 1

No ano de 2011 tive a oportunidade de representar a Seicho-No-Ie em três eventos que envolvem este tema. Estive no “Seminário Estadual de Políticas Públicas de Combate às Drogas”, no anfiteatro do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos) dia 29 de agosto.

O seminário foi idealizado pela Câmara Federal, sob coordenação da comissão especial  para promover estudos e predisposições de políticas públicas e projetos de Lei destinados a combater e prevenir os efeitos do crack e outras drogas ilícitas. Tendo como pauta combater o uso de substâncias entorpecentes entre a população brasileira, suas consequências e formular proposições para a sua prevenção e controle.

 O convite foi feito a Seicho-No-Ie pela deputada Keiko Ota, que faz parte da Comissão, meu tema foi: Reinserção Social.

Depois estive presente no seminário, dia 10 de outubro, a pedido do relator da Cedroga  - Comissão Especial de Combate as Drogas, deputado Givaldo Carimbão. E também em outro seminário, desta vez, na Assembléia Legislativa de São Paulo, coordenado pela deputada federal Aline Corrêa, com colaboração da deputada federal Keiko Ota, que novamente convidou a Seicho-No-Ie para trazer ao evento uma visão espiritualista, dentro do tema.

Nesta oportunidade a preletora Sônia Hipólito também discursou em nome da Seicho-No-Ie.

Nestes eventos, tive a honra de conhecer especialistas no assunto, e também ouvir relatos de pessoas que vivem o dia a dia do dependente químico, os chamados codependentes, e que foi para meu estudo e visão uma grande contribuição.

Abençoo, louvo e oro para que Deus instrua e oriente os trabalhos da deputada federal Aline Corrêa, deputada federal Keiko Ota - que é membro da Seicho-No-Ie, deputado federal Arnaldo Faria de Sá e deputado estadual Jooji Hato - também membro da Seicho-No-Ie, neste trabalho da comissão. Precisamos de mais pessoas públicas que discutam e promovam a prática do bem e da saúde, aos que se perderam na viela das drogas, o que para muitos já é uma doença.

Já em 2012, dia 06 de maio, representei a Seicho-No-Ie no 18º Fórum Religioso Universalista realizado na UBE – União Brasileira Universalista em São Paulo - com o tema “Droga - da dependência a independência”. Nesta oportunidade também pude ouvir o posicionamento de outras denominações religiosas referente o assunto.

Um ponto ficou claro: para erradicar esse problema na nação brasileira, é  necessário que toda a sociedade se mobilize, debatendo, conhecendo, conscientizando e acima de tudo, trabalhando na prevenção, para que o ser humano não se perca nesse mal. 

Permita-me falar um pouco da minha experiência.

Cada vez, é mais difícil - graças a Deus -, descer ao sótão da minha mente e revisitar antigos sentimentos que me levaram as drogas, graças aos anos de estudo e práticas da Seicho-No-Ie não sinto mais as dores na alma daquela época.

Mas um dia estive ali, tocando a vida, mantendo a cabeça acima das dores, sem olhar pra elas com medo da própria realidade.

Estive no vazio, na solidão... Um dia ali, outro lá... trancado no banheiro do trabalho, me drogando as escondidas em pleno sol, no alto dos 35 graus de Rondônia.

O que era, para alguns, apenas umas tragadas numa festa. Para mim, viver em torno de uma névoa de maconha não me satisfazia mais. 

De certa forma uma grande injustiça, pensava eu. Por que alguns amigos podiam ir ao bar e tomar apenas um chopp e ir para casa? E eu precisava - na minha compulsão - continuar bebendo, tomando outro e outro até migrar para maconha e chegar na cocaína, usada já fria, no banheiro do trabalho, pela vidreta escondida na meia da calça, com medo de ser pego em uma blitz?

Vivia a vida sem perspectiva. Sem alegria, repetitiva, obsessiva e impotente de um viciado. Mesmo cercado por inúmeros amigos, e aparentando uma normalidade para todos, inclusive para a família. 

Ainda que muitos cientistas acreditem que a droga pode dominar certos centros de prazer do cérebro, o fato é que o viciado fica concentrado em um ou mais prazeres específicos, excluindo todo o resto, sem vida social, sem família, sem amigos, sem namorada, sem esposa, sem marido, sem filhos. Até pode ter mas isola-se de todos.

Para cada tipo de carência existe um tipo de compensação. 

Analisando as inúmeras orientações pessoais com este tema - meu padrão - o que li, e estudei; consegui mapear do seguinte modo: a pessoa que vive na solidão, não por viver sozinho, mas por estar só,  podemos dizer na solidão intrapsíquica, irá abusar do álcool, pode até parar por aí e ainda justificar-se que seu mal é somente e bebida alcoólica e o que isso tem demais?

Para quem vive no mundo dos sonhos evasivos, dos grandes projetos e pouca capacidade de realização, fará uso da maconha como esteio. Ela também está ligada ao desejo de mudar de vida, e pode funcionar como uma interação social, para os mais tímidos. Já a cocaína, e os psicotrópicos similares até mesmo os sintéticos, está associado a um desejo de sentir-se inteligente, bonito e satisfeito. Aqui estão os "semi-deuses", são cultuados e alimentam-se da idéia de popularidade.

Nos seminários  da Cedroga,  que participei, vi que existem diferentes tratamentos disponíveis para o alcoolismo e vícios em drogas ilícitas, incluindo medicamentos, aconselhamentos e diversos programas. Hoje a medicina está tão avançada, que qualquer um pode deixar os vícios. 

Um dos maiores entraves para o convívio na sociedade de alguém que está buscando uma nova vida é a dependência psicológica. 

A medicina evoluiu tanto que é facílimo tirar alguém de uma dependência física, mas o ser humano recai por causa da dependência psicóloga. Dos padrões mentais cultivados antes, durante e após o contato com as drogas.

A pior solidão é aquela em que nos auto-abandonamos. Esta sim, é a pior solidão.

O ser humano faz tudo para ter um convívio social, até o uso abusivo de drogas é levado pela busca do convívio com o outro. É uma busca de amor, só que  ao mesmo tempo ele faz  de tudo para se isolar, e usa suas inseguranças, complexos, fobias como justificativas, e chega realmente a crer com toda a sua alma, que ele está só sem amigos, sem família, sem reconhecimento vivendo uma vida mediocre.

Vivemos em uma sociedade que para curar a inquietude é necessário ostentar uma casa perfeita, um emprego perfeito ou  mesmo um namoro perfeito. 

O medo leva ao desespero, já vi no exercício da orientação pessoal, pessoas altamente capacitadas que se perdem pelo medo e pela necessidade de aprovação constante do outro.

Preciso deixar aqui uma advertência: busque ajuda. 

Já convivi com muitas pessoas que conseguiram mudar o rumo da vida, e no encontro com o seu “eu” (sua história), no encontro com o amor -  esse, mais sagrado que estou tratando nestes posts – o amor entre pais e filhos – capaz de curar a alma – ainda que tudo isso seja otimista. Se você vive melancólico, constantemente deprimido, ou se alguém do seu convívio está assim, por favor, busque ajuda! E se preciso for, busque uma ajuda profissional ou peça para alguém fazer isso por você.

Quando oriento jovens o primeiro passo para a libertação, é ganhar a confiança dos pais. O arrependimento que pressupõe o desejo de mudar de vida deve vir, em muitos momentos, - dependendo da gravidade do quadro - com um pedido de ajuda dos pais.

Sabe que conversar com um preletor, é o mesmo que estar conversando com Deus, e o mais complicado nestes casos é que não podemos e devemos como ética religiosa manter a conversa no segredo de confissão, e em alguns casos, o tema trás em si uma grande responsabilidade. Graças a Deus, contamos com a ajuda e proteção do ANJO MOR, que sempre ampara e é quem verdadeiramente orienta. Sendo assim, na orientação de questões específicas de abandono, construo uma ponte para o diálogo e ele, é a luz para uma vida de lucidez. 

Sem preconceito, é necessário entender, que no caminho tudo pode acontecer, e não importa o quanto um vício pareça controlado, a recaída sempre é possível. Muitos viciados param e ficam limpos e sóbrios apenas, por exemplo, com um Seminário em uma das Academias da Seicho-No-Ie, caso se permitam um mergulho na Verdade, e sobre tudo, no encontro com o Amor de Deus, através dos pais, ou mesmo compreendam o que está em jogo.

Basta lançar na alma um fio de esperança, uma pequena luz chamada ‘amor’, que já é o bastante para aquecer e tirar do coração o frio o vazio e a tristeza.

Porém, não é incomum pessoas com vícios, terem uma ou várias recaídas antes de finalmente obterem êxito. Isso explica por que, para alguns, um objetivo realista pode ser recaídas cada vez mais raras e fases de sobriedade cada vez mais longas. Claro que, a meta principal é não haver mais recaídas, e manter-se limpo, mas precisamos sempre estar alertas e temer um pouco o excesso de confiança. Mesmo após quase 22 anos eu ainda adoro o cheiro da maconha, mas quando decidi me manter limpo, eu fiz uma escolha: ser feliz. 

Depois busquei ao longo do meu caminho, sempre a comunhão com o bem, abandonei a melancolia e as carências que me levavam a uma vida sem significado.

E se foi possível para mim. Também é possível para você.
Continua para não ficar muito longo...

Ariovaldo Adriano Ribeiro
Fotos by Ariovaldo Ribeiro

Um comentário:

  1. maravilhoso já lí varias vezes todas as partes desse mergulho, e estou esperando pela proxima parte, muito obrigada,

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