“Sabei que a infinidade de almas humanas são todas reflexos do mesmo Espírito Divino, as semelhança de milhões de imagens de um mesmo objeto refletidas em milhões de espelhos dispostos em torno dele.” – Sutra Sagrada Palavras do Anjo
Como adepto da Seicho-No-Ie, eu sempre procuro ter uma clara distinção entre o falso e o verdadeiro, o real e o imaginário, ilusão e pecado, vida e morte, de modo que eu possa compreender claramente o estado em que estou e diferenciá-lo de quem eu realmente sou.
Tudo é muito simples e ao mesmo tempo muito complexo, sem essa compreensão não podemos saber de que lado está Deus. E equivocadamente poderemos até pensar que Deus não nos ama, ou se nos ama, são tantos filhos para amar, que estamos esquecidos em um quarto escuro.
Em minha recente passagem pelo Vaticano, impressionei-me com a sua opulência, ao mesmo tempo em que me choquei com o seu vazio e com as suas frias e belas obras de arte.
Bem, essa é uma impressão muito pessoal, sendo assim não há tome como verdade, com certeza a sua impressão será completamente diferente da minha. Alguns dias atrás eu estive com uma amiga, que voltou de uma temporada de seis meses na África, que também passou pelo Vaticano e me contou que chorou na Capela Sistina, e olhe está foi a sala mais vazia de minha visita, talvez pela expectativa que eu tinha para conhecê-la não sei, é sem dúvida uma capela impressionante, famosa pela sua arquitetura, inspirada no Templo de Salomão do Antigo Testamento, e sua decoração em afrescos, pintada pelos maiores artistas da Renascença, incluindo Michelangelo, Rafael, Bernini e Sandro Botticelli realmente impressionam qualquer visitante, mas na verdade o que eu esperava, ali, era sentir Deus. Talvez por eu não ter uma fé genuinamente católica isso não foi possível como o foi pra a minha amiga. Em 2008, por exemplo, quando estive na Disney não pude conter as lágrimas diante da parada e da passagem do Mickey, já minha amiga teve a mesma emoção na Capela Sistina, isso faz das experiências de cada um algo sempre tão singular.
Claro que me encantei com Roma, uma cidade eterna, milenar, cheia de segredos, e belezas, como descendente de italianos era como me sentir no quintal de minha familia... vi em muitas senhoras o andar de minha vó Zelinda, agora entendi porque na casa de minha tia, todas falam ao mesmo tempo com a sua narrativa, claro uma história diferente da outra... nas ruas o cheiro do almoço tem o aroma da casa da minha avó Maria, entendi também porque quando abro a boca, são minhas mãos que falam...e também de onde vem a alegria esfuziante de minha mãe, e até a minha grosseria monossilábica... Pequenos traços de nossos antepassados presentes em nós. Antenati, grazie, Mamma grazie. Grazie Babbo!!
Em duas basílicas pude meditar e foi uma fantástica oportunidade.
Deparei-me com tanta obra de arte, que ainda vai levar um tempo até que eu me de conta de tudo o que de fato pude ver, Deus também se manifesta no belo, e perdoem minha insensatez, de não tê-lo notado em meio a tanta obra de arte.
Deparei-me com tanta obra de arte, que ainda vai levar um tempo até que eu me de conta de tudo o que de fato pude ver, Deus também se manifesta no belo, e perdoem minha insensatez, de não tê-lo notado em meio a tanta obra de arte.
Mas por graças enquanto estava com amigos procurando souvenir em uma pequena lojinha, conheci uma Freira, brasileira que há sete anos vive na Itália, foi um rico, alegre e encantador encontro, suas palavras eram revestidas de uma fé e uma alegria, espiritualidade e bondade sem igual e ali na loja de uma chinesa pude sentir a presença de um Deus vivo, mesmo no vazio.
É estranho como o vazio, pode estar na mente, estou muito distante da fé católica, embora eu tenha sido batizado na adolescência, como minha família tradicionalmente descende de berços evangélicos, e há quase trinta anos pratico a Seicho-No-Ie, distancie-me muito dos seus dogmas e não os conheço tampouco suas tradições.
Embora cada um possa ter a sua experiência e a sua própria comunhão com Deus, sua onisciência e presença se estabelecem por meio das leis. Deus é lei. A Lei é o Amor é a Misericórdia.
Este assunto é deveras complexo, abre muitas variáveis, difícil até pra refletir, são muitas perspectivas, mas aqui quero me concentrar entre o que é real e o que é imaginário, o que é fenômeno e o que é Imagem Verdadeira.
Imagem Verdadeira, quando se trata do ser humano também é conhecida como “Eu Real” ou mesmo “Eu Autêntico”, ou mesmo o “Eu” criado a imagem e semelhança de Deus, o “Eu Divino” e por aí vai.
A nossa vida, humana terrena é apenas um reflexo deste “EU”, e não constitui o “EU” em si, de modo que chamamos este eu de: “eu fenomênico”, uma existência que não é perene.
E nossa caminhada na terra, neste palco, nesta experiência, passa ser uma aventura pra rememorarmos quem de fato somos, neste aspecto cada experiência passa ter suma importância para o despertar espiritual. Entendemos como despertar espiritual a mutação do eu fenomênico para uma vida livre onde manifestamos toda a potencialidade do “Eu Divino”, aqui nesta vida limitada.
Estamos falando do eu, mas em todos os aspectos do viver humano e suas inter-relações com o ambiente notamos também a existência do que é falso e do que realmente é “Real”.
Na natureza, por exemplo, em suas múltiplas formas, onde podemos o tempo todo apreciar o belo, nos deparamos com a manifestação da Imagem Verdadeira no fenômeno a esse aspecto denominamos de: “Fenômeno Autêntico” justamente por refletir sem contaminar-se com as intempéries dos sentidos, manifestando a Real beleza do Mundo da Imagem Verdadeira.
Assim também denominamos que existe um “Mundo da Imagem Verdadeira”, também conhecido como “Reino dos Céus”, ou mesmo “Mundo Perfeito Criado por Deus” e existe o mundo fenomênico, mas o mundo fenomênico não é apenas o mundo terreno, uma vez que ele abrange outros reinos, como o mental, o espiritual, o reino dos infernos, o reino dos deuses como são identificados no Budismo.
Mas como distinguir o que é falso do que realmente é Verdadeiro?
Mas como então diferenciar o estado em que estou do homem que sou?
Primeiro ainda que em conceito, é preciso compreender que o homem verdadeiro, o homem da Imagem Verdadeira é perfeito, supremo.
Mas enquanto seres humanos penso que é preciso ter consciência da diligencia necessária dentro das nossas limitações para não manifestarmos uma arrogância e escondermos os nossos defeitos atrás desta verdade e viver de modo furtivo esquivando-se de nossos deveres, e da nossa diligencia na contemplação e pratica do bem.
Sendo assim, precisamos pensar em nossos defeitos, porque se não tivermos consciência deles não sentiremos motivação para superá-los.
Ouvi certa vez um ensinamento a cerca do Buda, onde ele disse que aqueles que compreendem suas próprias falhas são sábios, ao passo que aqueles que as ignoram e, além disso, procuram defeitos nos outros são tolos.
Há quem diga que um dos nossos principais problemas seja a falta de auto-estima e que precisamos nos concentrar em nossas boas qualidades para aumentar a nossa autoconfiança, é verdade que este é um caminho, inclusive para termos progressos espirituais precisamos ter autoconfiança, reconhecer e aperfeiçoar as nossas qualidades.
Contudo, gostaria de expor outro ponto de vista, precisamos de um modo pratico lançar um olhar realista para os nossos defeitos e para as nossas imperfeições aparentes. Se formos honestos conosco, reconheceremos que possuímos inúmeras falhas, veja bem possuímos não somos, essa é a boa notícia e sendo assim reconhecendo-a poderemos nos livrar delas.
Precisamos esquecer quem pensamos que somos, para descobrir quem realmente somos.
Nossa mente, possuí diversos aspectos, em alguns momentos nos comportamos como perfeitos e autênticos, como reflexo fiel do homem da Imagem Verdadeira.
Em outros momentos nos debatemos tentando descobrir quem somos, ou quem fingimos ser, ou mesmo quem tememos ser. Enfim essas doenças mentais não irão desaparecer apenas porque fingimos que elas não existem. Devemos, pois reconhecer a existência destas nossas falhas para a partir daí mergulharmos em quem verdadeiramente somos.
Por mais numerosas e fortes que sejam nossas imperfeições, elas não fazem parte de nossa essência. São aspectos que as encobrem, temporariamente as poluem, mas que não contaminam a nossa natureza essencialmente pura. Elas são como lodo que, apesar de turvar a água, jamais se torna parte intrínseca da mesma. Assim como é possível remover o lodo, também podemos remover todas as nossas imperfeições.
Assim é preciso ter consciência de nossa Imagem Verdadeira, para aqui neste mundo dos sentidos e das imperfeições cultivarmos uma mente desperta que é capaz de eliminar e extinguir do nosso modus vivendi, todas as nossas falhas.
Quando olhamos para as coisas ao nosso redor somos capazes de distinguir aquelas que são uteis e valiosas daquelas que não o são. Precisamos aprender a olhar para a nossa mente da mesma maneira, distinguindo quais pensamentos nos aproximam de quem somos, e quais nos afasta de nossa natureza divina. Precisamos observar a nossa mente o tempo todo e aprender como não cultivar pensamentos prejudiciais para a nossa existência.
Identificando os nossos pensamentos no espelho, do mundo fenomênico, e investindo grande esforço, para mudar a nossa mente, até a mais cruel das pessoas poderá transformar-se num ser completamente puro.
É no mundo que nos cerca, onde vemos refletidos os nossos pensamentos, e é na sua observância que podemos mudar o nosso modo de pensar.
Uma vez em um seminário na Academia de Treinamento Espiritual de Ibiúna, as senhoras da Seicho-No-Ie propuseram o seguinte exercício para os membros da comissão: toda vez que um pensamento negativo surgisse na mente, elas deveriam colocar uma pulseira vermelha, e sempre que elas gerassem um pensamento positivo deveriam colocar uma pulseira branca, no final do dia contava as pulseiras, e assim no dia seguinte treinava ainda mais vigorosamente e se predominassem as brancas, se elogiava e encorajava-se para continuar pensando de modo harmonioso. Era possível ver nos primeiros dias, muitas pulseiras vermelhas, mas aos poucos elas foram sendo substituídas pelas brancas. Não sei como na pratica podemos nos auxiliar deste método, mas se cada um encontrar o seu ponto de observância acredito que teremos grandes progressos.
Conheço grandes preletores da Seicho-No-Ie, que se observando no espelho, puderam vigiar a sua mente o tempo todo, e avaliando-a com completa honestidade se tornaram puros e até possuem aspectos sagrados. Espero atingir esse estágio.
Assim observando a nossa mente no espelho dos seus ensinamentos, teremos um claro entendimento de nossas falhas e uma grande oportunidade para supera-las, precisamos tomar consciência de nossos defeitos, se formos honestos e diligentes em nossas praticas seremos capazes de compreender o que devemos abandonar para manifestar a nossa Imagem Verdadeira.
Vejamos agora outro ponto – o amor.
Ninguém deseja permanecer pra sempre no mesmo estágio, como um ser comum vivendo na ignorância do desconhecimento da Verdade, todos nós queremos nos aperfeiçoar e avançar para estados mais elevados. O estado mais elevado de todos é o despertar espiritual, e a estrada principal que conduz a iluminação, são as realizações de amor.
Só podemos cultivar o amor na dependência de outros seres vivos. Como aprenderíamos a amar se não houvesse ninguém para amar?
Lembro-me de uma palestra que ouvi, há muito tempo atrás a respeito da, pratica espiritual, de dedicação de amor ao próximo, divulgando Revistas Sagradas da Seicho-No-Ie; deveríamos aproveitar todas as pessoas na nossa divulgação, para abençoa-las desejando-lhes felicidades, principalmente as que rejeitavam receber as revistas.
Deveríamos adotar essa postura na vida cotidiana, e mantê-la o tempo todo, reconhecendo que precisamos de todos os seres vivos podemos incrementar a nossa pratica espiritual abençoando todas as pessoas. Mantendo essa postura, nossos problemas interiores de descontentamento raiva, apego, ego, inveja etc., vão diminuir e viveremos com amor de modo natural. Em particular, sempre que alguém se opuser aos nossos desejos ou nos criticar, devemos, lembrar-nos de desejar do fundo coração que todos sejam felizes, fazendo desta atitude uma pratica espiritual.
Claro que não é simples e fácil assim, se todos nos tratassem com a bondade e o respeito que nosso ego julga merecer, isso só reforçaria nosso egoísmo e esgotaria os nossos méritos advindos das praticas de abençoar e amar as pessoas. Tente imaginar como seria se tivéssemos tudo o que desejamos, provavelmente agiríamos como crianças mimadas, como centro do universo e de quem ninguém gosta. Precisamos treinar a nossa mente para amar e tornar a nossa vida realmente significativa.
Se mantiver na mente o ensinamento do homem da Imagem Verdadeira, fica fácil contemplar todos como perfeitos e desejar-lhes que essa perfeição se manifeste. Costumamos dizer que a água do mar é salgada, mas de fato, é a presença do sal na água que a torna salgada, não é a própria agua. O gosto real da água não é salgado. Da mesma forma todas as falhas e defeitos que identificamos nas pessoas não são reais, são ilusões e não as pessoas em si. Precisamos distinguir o homem da Imagem Verdadeira dos defeitos dos homens. Às vezes rotulamos as pessoas tomamos as suas aparentes ilusões como verdadeiras, tipo fulano é egoísta, beltrano é alcoólatra e assim por diante, mas veja bem se por algum acaso um amigo seu está doente, não iríamos culpa-lo por sua doença física; do mesmo modo, não devemos culpar as pessoas por suas doenças mentais originadas nas ilusões e no desconhecimento da Imagem Verdadeira.
Quando uma pessoa está manifestando uma ilusão, não devemos acusa-la, pois a ilusão e o seu “Eu Real” são duas situações distintas. A falha de um microfone, não é a falha de um livro, a única reação adequada diante de alguém que, dominado pela sua ilusão, maltrata os outros é desejar a sua felicidade contemplando o seu aspecto “Real”.
Deste modo devemos distinguir o ser humano “Real” de suas ilusões. Também devemos lembrar que as ilusões são características temporárias e ocasionais da mente iludida, não é a verdadeira natureza da pessoa, deste modo ela também compreendendo sua natureza real, sua Imagem Verdadeira, e praticando os ensinamentos poderá abandonar todas as ilusões.
É obvio que se nós temos falhas os outros também as possuem. Em certo sentido isso é verdade, já que o homem do mundo fenomênico possui ilusões mentais, e tais ilusões apresentam-se muitas vezes como falhas, mas o que nos interessa aqui não é julgar se eles possuem falhas ou não, mas sim qual a maneira mais benéfica de enxerga-los, sendo práticos, devemos ter como principal tarefa eliminar as falhas da nossa mente e aperfeiçoar o nosso amor por todos os seres vivos. É extremamente benéfico olhar os nossos próprios defeitos e extremamente prejudicial olhar os defeitos dos outros. Mas lembre-se até as nossas falhas são aspectos da nossa ilusão mental, e não constitui a nossa Imagem Verdadeira. Essa visão impede que nos identifiquemos com os nossos defeitos, sentindo-nos culpados e inadequados, e nos ajuda a encara-las com responsabilidade de modo realístico e pratico e poderemos superá-las e extingui-las do nosso modo de viver. Assim podemos pensar o “ego” está na minha mente, mas não faz parte de mim, posso destruir o “ego” sem destruir a mim mesmo. Deste modo conseguiremos ser implacáveis com nossas ilusões e pacientes e bondosos conosco.
Não devemos levar uma vida, onde se vasculha o passado procurando encontrar um culpado, não há porque ficar procurando as heranças das vidas passadas, contudo, se desejamos que nosso futuro desfrute de paz e felicidade, temos que remover do cotidiano as ilusões da mente. O tempo todo nós estamos olhando no espelho, por que não enxergamos os seus ensinamentos? Só que não adianta tentar limpar o espelho, devemos sim, limpar a nossa mente, escolhendo novas atitudes, sendo diligentes e assumindo um novo modo de vida.
Os livros da Seicho-No-Ie poderão lhe auxiliar eles são excelentes guias, para quem busca viver uma nova vida. Mas do mesmo modo que um doente não se cura apenas lendo a bula dos remédios; não poderemos curar nossas ilusões, apenas lendo e estudando os livros. Só conseguiremos solucionar os nossos problemas diários colocando na nossa mente e em nosso coração a Verdade da existência única do bem, e da Imagem Verdadeira e honestamente buscar um modo de viver que pratica os ensinamentos no cotidiano.
...estudando os livros, vigiando, minha mente,
praticando os ensinamentos.
Ariovaldo Adriano Ribeiro.
fotos by Ariovaldo Ribeiro
eu adoro seu blog Ari.
ResponderExcluirEscreva mais, é sempre inspirador.
Beijo
Gisele - Umuarama
Estupenda reflexión...genial. Muchas gracias.
ResponderExcluirAbrazos
Angel
Muchas gracias profesor Ribeiro! Lo esperamos en México!
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