domingo, 13 de novembro de 2011

Um vilão chamado "ego".


Estava lendo o livro Por que é Assim - Diálogos na Academia da Vida, de autoria do Professor Seicho Taniguchi no tópico “Mudando o nosso próprio comportamento”, deparei-me com uma explicação que me fez refletir a cerca do “EGO”.

O egocentrismo é um grande vilão que nos rouba a permanência do status da alegria. O ato de beneficiar alguém, seja através de um sorriso, um abraço ou uma ação virtuosa, pode ser rapidamente sucumbido se o “ego”, apoderar-se desta ação.

Existem claro, muitas perspectivas quando estamos falando do “ego”, cada ciência pode interpretá-lo de uma forma. E até mesmo o “ego” pode ser um grande aliado na auto-estima, um excelente companheiro da ambição, um motivador natural que nos impele ao crescimento e a melhorias.

Mas, nesta reflexão, quero falar do vilão. Por vezes esse ‘vilão’, está mascarado em boas intenções, oculto através de promessas e esperas. Ainda que seja por mudanças ou mesmo melhor qualidade de vida no trabalho, e no relacionamento com amigos e familiares.

O bem estar é desejo natural do ser humano que busca instintivamente a construção do paraíso na Terra. 

Agora, quando este bem estar vem acompanhado da necessidade de aprovação das outras pessoas, há algo errado. Na verdade esse bem estar tem em si, a ação do “ego”, um desejo de ser reconhecido exacerbado por uma necessidade de estar acima das outras pessoas.

Outra característica dessa postura é a encontrada no Budismo Tibetano; quando fala do “Reino dos semi-deuses”, uma espécie de altar de si mesmo, em uma tentativa de glorificar-se como deus, recebendo as bajulações, aplausos e elogios dos demais. São tão cegos, e utilizam-se do seu pedestal para cegar e hipnotizar os outros construindo “igregimos” onde são adorados.

Uma vez, aprendi uma importante lição com uma amiga do Rio Grande do Sul, preletora Zeli Terezinha Bellan khan, comentando a respeito dos aplausos que por vezes os preletores recebem por ocasião das palestras sobre o ensinamento da Verdade. Temos que tomar muito cuidado para não confundir o aplauso que vibra com a Verdade, achando que este está vibrando pela boa eloquência ou desenvoltura do preletor, e com isso deixar iludir-se, achando já ser a própria manifestação de Deus, na Terra.

Claro, que todos nós temos Deus em nosso interior, e possuímos capacidade infinita. Podemos sim, realizar obras tão grandiosas, como foram as feitos pelo Nosso Senhor Jesus Cristo, ele mesmo assim nos ensinou. 

Mas, é  por possuir Deus que não devemos jamais nos esquecer de que tudo é GRAÇAS A DEUS.

Graças a Deus. Tudo é graças a Deus, minha vida é Vida de Deus, meu dom é Dom de Deus, meu trabalho é Trabalho de Deus, tudo vem de Deus, sou um instrumento que vibra a Vida de Deus e vivo Graças a Deus.

Deste modo temos que tirar o “ego” do altar, das nossas vidas, e no lugar dele instaurar na nossa caminhada Deus como sendo o nosso centro.

Já vi muita gente talentosa não ser reconhecida, já vi muita gente competente vivendo uma vida sem significado e vazia, mas já vi também muita gente vivendo aparentemente bem, no seu altar, e sofrendo em muitas áreas da vida, justamente por não conseguir ser feliz de verdade.

O “ego” cria um mundo de mentiras e nos faz habitar dentro dele. Neste mundo tudo o que nos cerca, e nos bajula não tem consistência verdadeira, e por isso, por mais bajulações que recebemos, não somos capazes de sermos felizes.

O mundo do “ego”, vende uma ideia de alegria, porém como essa alegria não vem de Deus, ela é falsa, alimentada em personagens desprovidos de integridade, preocupados em como manter-se no topo como o popular, sendo sempre a “melhor banda do último final de semana”. Para manter essa imagem, muitos se perdem na drogadicão, nos vícios ocultos, retro alinhando a sua fama na fantasia de uma perfeição que não existe.

O “ego”, também é uma clausura, de luxuria em uma ilusão de fama e bem estar. Muitas pessoas no egocentrismo vivem solitárias, cercada de bajuladores que atuam mais como um “sanguessuga hospedeiro”, que te dá os aplausos que você precisa, em troca de benefícios.

Os aplausos cegam, os elogios iludem, neste mundo como não existe a possibilidade de humanização, nem mesmo de fragilizar-se pra manifestar a própria força, o desejo de manter-se no topo, faz com que o ser humano viva na ilusão. Se um dia sua fragilidade for revelada, neste mesmo instante ele perde o pódio e inclusive todos os amigos; amigos esses que nunca existiram.

No “egocentrismo”,  o ser humano é incapaz de colocar-se no lugar do outro, o “ego” não sabe ouvir, não sabe acolher, não se doa, se realiza algo, o faz por interesses próprios. O “ego” sempre está em campanha: - eu fiz, eu doei, eu ajudei, porque eu, eu, eu, eu, eu...e, eu, etc.,

O “ego” sempre espera um troféu, se ele não vem a pessoa sofre.

Claro que existem casos extremos como os citados acima, e derrepente podemos até pensar que nada tem a ver com o nosso modo de viver. Porém todos eles foram construídos passo a passo no dia a dia, mesmo os extremistas viveram sutilmente pequenos “egos” e não se deram conta de que ao tirar o mérito da Vida de Deus, que vivifica o seu ser, e atribuírem a si, as honrarias aos poucos se distanciaram de sua Vida de Real Valor e passaram a viver essa vida sem consistência e felicidade.

No modelo de organização da Seicho-No-Ie, existe um esforço e um treino para não permitir que o “ego” reine em nossas atitudes. Lembro-me que quando fui presidente de Associação Local, eu sempre era elogiado pelos preletores, nunca me dei conta do perigo que corria com os elogios. Talvez em algum momento possa ser que eu também não tenha aprendido direito à lição, porque na organização funciona assim, hoje a gente dorme presidente e amanhã acorda adepto, e agora? Quem irá me elogiar? (rs)

Quando deixei de ser presidente e virei tesoureiro, me senti diminuído. Mais tarde entendi a importância de que tudo o que realizados é Graças a Deus, e ainda continuo me esforçando para não me esquecer do legítimo autor da obra.

E, como é estranho o sentimento de sentir-se diminuído. Inferior a que? Para quem? Realmente o “ego” tira a alegria do dia a dia.

É comum também aquele que vive no “ego” sempre utilizar-se de sua visão de mundo, para julgar as outras pessoas, ele está sempre tentando corrigir, tentando orientar, tentando ajudar, mas não pelo senso de servir, mas sim porque é só ele quem sabe. No “ego” ele é tão cego que não consegue reconhecer nada de belo no outro.

Como é triste essa falta de sensibilidade em perceber que em tudo existe um valor, a Vida de Deus operando e manifestando-se.

Quando fui aprovado no exame para Aspirante a Preletor da Sede Internacional, o Prof. Yoshio Mukai, maior autoridade religiosa na Seicho-No-Ie para a América Latina, me chamou em sua sala para uma entrevista.  Nesta entrevista uma das perguntas foi: Ariovaldo, você sabe o que é ser Aspirante da Sede Internacional?  Lembro-me de ainda estar no calor da emoção pelo fato de ter sido aprovado, e de não estar preparado para responder tal pergunta. Calei-me em reflexão e não encontrei a resposta.

Sua resposta foi simples: - que você agora deve ser mais humilde.

Ele ainda brincou, não pense que agora as pessoas terão que carregar a sua mala, arrumar a sua cadeira, por exemplo, muito pelo contrário nas regionais que você visitar, seja você a arrumar as cadeiras das pessoas que chegam a Seicho-No-Ie.  Tenho buscado este modo de servir.

Logo, depois deste acontecimento participei de uma Convenção Nacional da Seicho-No-Ie no Ginásio da Portuguesa, em São Paulo, nesta convenção eu era responsável pela entrada das bandeiras dentro da cerimônia de abertura.

Quando terminou o evento, por um momento, pensei que a minha função fosse apenas guardar as bandeiras e mais nada, só que quando olhei para o lado, lá estava a Diretora Presidente da Seicho-No-Ie Preletora da Sede Internacional, maior autoridade religiosa dentro da Seicho-No-Ie no Brasil, professora Marie Murakami, carregando latões de lixo, e limpando todo o local e a função dela no evento era apenas de "Orientadora Responsável".

No livro referido o Professor Seicho Taniguchi, nos ensina que viver de modo natural, ou seja com o coração puro e livre, também é “anular completamente o ego”

Quando compreendermos que recebemos uma vida realmente maravilhosa de Deus, teremos capacidade de agradecer e viver com o sentimento natural ou seja vamos viver com o coração limpo e puro que recebemos de Deus.

Assim, não nos cegaremos, perante os louvores, justamente por compreender que essas honrarias são para Deus, pois foi dele que recebemos a capacidade.

“Quando uma pessoa extingue completamente o seu ego, manifesta-se o seu “verdadeiro eu”, que jamais se extingue, ele se manifesta como verdadeira personalidade dessa pessoa, como Filho de Deus.  Então, essa pessoa revela o seu “sentimento natural”, ou seja, o coração limpo e livre que ela recebeu de Deus, e pode viver uma vida realmente maravilhosa. Extinguir completamente o nosso ego significa extinguir o nosso “falso eu”. Portanto não significa anularmo-nos completamente, mas sim tornarmo-nos seres humanos verdadeiros, revelarmos o nosso verdadeiro aspecto”. pp. 13 edd. 3.a


Graças a Deus!

Ariovaldo Adriano Ribeiro

fotos by Ariovaldo Ribeiro


9 comentários:

  1. Muito obrigada prof. Ariovaldo!!!!
    Achei interessantíssimo esse assunto.
    Precisamos todos ser mais humildes!!!
    Um grande abraço, seja cada vez mais iluminado!!!

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  2. Só uma palavra define esta reflexão: ~perfect.
    Me emocionei... Obrigado Ariovaldo.

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  3. Obrigada por esta reflexão.
    A humildade é o caminho.

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  4. Quando eu te elogiei em um seminário da seicho-no-ie, eu te disse que estava encantada com suas palestras e vc disse "É graça de Deus, tudo é Graça de Deus"... Achei um comentário diferente, mas agora lendo seu texto, realmente, temos de lembrar sempre disto, sempre. Parabéns, estou conhecendo seu blog e achando muito bom.

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  5. Sr Ariovaldo, adorei sue post.
    Por favor, o que é drogadicão?
    Realmente o ego é uma coisa traiçoeira na vida do ser humano. Chego até a me questionar se este não é o castigo de Adão.
    O ego é que gera guerras, desavenças e muitas outras coisas ruins que alguns tendem a culpar o diabo.
    Sabemos que existe somente Deus e o que vem de Deus. Se Deus criou o EGO, deve ter um significado... Qual será???


    Grato
    Roberto Ferraz

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  6. Olá
    Roberto,
    Reverências,
    Muito Obrigado.
    Drogadição é termo usado geralmente em psicologia. O drogadicto, o ser humano que vive no processo da drogadição, nega suas dificuldades, porque a sua dependência o faz acreditar que o objeto provocador de suas manifestações comportamentais anômalas é a droga que está fora de sua identidade e não dentro dele. A considera como objeto que elegeu como o faz o desportista que escolhe uma modalidade esportiva.
    Com relação a sua pergunta quanto ao significado do 'ego", pode dizer que ele é um modo de preservação, tudo na vida possui uma função, tomemos o exemplo do "medo", o medo possuí função, quando estamos equilibrados conseguimos fazer o uso correto dele, que é na verdade nos proteger em situações de risco, para que tenhamos mais cuidado.
    Assim também o "ego", pode ser nosso parceiro na melhoria continua, na busca pelo progresso, na concretização dos sonhos, você pode encontrar mais explicações no livro: Reconstruindo a Vida Humana. Bem, aqui trato nesta reflexão daquele que se perdeu no "ego", que é justamente o cuidado que devemos ter.
    Obrigado por acompanhar o blog.
    Minhas Reverências,
    Ariovaldo

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  7. Maravilhoso poder entender mais sobre o ego e em como anula-lo para manifestarmos o filho de Deus que somos verdadeiramente. Muito obrigada! Reverências!

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  8. Reflexão oportuna e necessária. É bichinho rebelde esse ego! Muito obrigado!

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