Um estudo para a qualidade de vida e a gestão do "eu"
Levar os leitores ao conhecimento e
não levar o conhecimento aos leitores é a proposta de José Pedro Andreeta em Quem se atreve a ter certeza? A realidade quântica e a filosofia.
Nessa
abordagem, existe um fascínio, que, segundo Andreeta (2004, p. 25), sem dúvida
nada deprecia mais alguém na busca do seu “eu” do que a afirmação de que ele necessita de uma
crença. Segundo ele, em nossa visão crítica habitual, crer é ter um
comportamento místico, fundamentado em dogmas religiosos. No entanto, o autor destaca
que todos somos crentes fervorosos, ainda que não gostemos de admitir. Nosso
conjunto de crenças parece estar oculto, mas algo latente no ser humano o faz
crer que algo bom se transformará, magicamente em nosso futuro. A todo
instante, por exemplo, estamos criando nosso futuro e estamos fundamentando-o
naquilo que cremos. A crença vem de uma sabedoria já presente e não adquirida.
Para
Andreeta, os conhecimentos científicos atuais parecem, portanto, convergir com
os da filosofia antiga, que afirmam que tudo o que existe deve provir de uma
única fonte.
O
que realmente pretendemos é que as nossas verdades possam ser ferramentas úteis
para o desenvolvimento das verdades de cada um na busca da Verdade Absoluta (ANDREETA,
2004, p. 8).
A
obra ressalta ainda que a grande maioria das nossas limitações às quais nos
impomos ou às quais atribuímos aos outros é criada artificialmente como consequência
de um nível de conhecimento originado do desconhecimento de nossa capacidade. E
que o conhecimento pode ser adquirido e assim, para ANDREETA (2004, p. 32), o
mais seguro é adotar a visão científica de que tudo é possível.
Quando
nos questionamos, podemos romper com um condicionante. Principalmente quando
estivermos com tendências que limite nossa capacidade. E Andreeta deixa uma
pergunta: se queremos ser livres, qual o sentido de ficarmos construindo
prisões artificiais?
A
descoberta do “eu” passa ser a trajetória da busca do conhecer melhor a si
mesmo. Andreeta discorre, ainda, que os grandes pensadores da humanidade
tiveram acesso ao que ele chama de “conhecimentos” através de revelações.
Os
conhecimentos eram revelados. E, segundo Andreeta, Carl Gustav Jung, o
discípulo dissidente de Freud, parece ter encontrado a resposta. Jung,
utilizando-se da técnica de estudo dos sonhos e desenhos, passou a dedicar-se
profundamente aos meios pelos quais o inconsciente se expressa. Através da
similaridade de vários pacientes, ele fez a sua mais importante descoberta: o
“inconsciente coletivo”. Para Jung, enquanto o inconsciente pessoal consiste
fundamentalmente em material reprimido e complexo, o inconsciente coletivo é
composto, fundamentalmente, de certas imagens e símbolos que possuem profundos
sentimentos de apelos universais, chamados de “arquétipos” e, que de um modo
peculiar, são compartilhados por diferentes seres humanos.
O
inconsciente coletivo, portanto, é uma faixa de conhecimentos codificados que todos
nós podemos acessar. Andreeta descreve que nós não criamos algo novo, mas
acessamos algo novo.
Do
mesmo modo, as “revelações” dos conhecimentos de caráter filosófico e religioso
feita aos homens da antiguidade dos quais muitos estão redescobertos atualmente
pela ciência, parecem ter origem da decodificação desses arquétipos.
Provavelmente o método utilizado está relacionado com a crença e a meditação, o
silêncio (2004, p. 45).
Andreeta
ainda descreve que o “eu” pode ser observador e ter uma atitude ativa ou mesmo
passiva. De certo modo, o ser humano gasta grande parte do seu tempo criando
imagens teóricas sobre alguma coisa, mas quase nunca sentindo, agindo. Raramente
vive no presente. Não é o que nós vivemos no passado, nem o que vamos viver no
futuro, mas o que estamos vivenciando agora que pode dar sentido ao “eu”.
Para
Andreeta, quando o “eu” for capaz de experimentar, deixará de ser observador e
se transformará em uma parte do experimento, podendo, deste modo, atuar livre.
O
autor (2004, p. 98) também afirma que, nas escrituras de todas as grandes
religiões e em todas as grandes filosofias, existe o pensamento de que, para se
encontrar a si mesmo, é necessário perder a si mesmo.
Tudo
é experiência, ao abandonar a dramatização de como pode ser e ao se entregar ao
fato daquilo que realmente é; livramo-nos da imagem, por exemplo, do medo e de
todas as demais imagens negativas. Ao decidirmos sentir e vivenciar, ao aceitarmos
tudo o que a experiência pode ser, podemos corrigir a nossa imagem.
O
mesmo pode se dizer de todas as experiências diárias que tentamos evitar porque
queremos proteger a nós mesmos. O que se rotula desagradável deixará de ser, caso
decidamos experimentar e não resistir. Toda experiência é somente uma imagem e
não uma experiência real. Deixar de resistir, não é uma atitude passiva, e sim
ativa. É fazer com que o “rótulo” da mentalidade comum que existe nestes
símbolos os conhecimentos que pertencem a eles no “inconsciente coletivo” não
sejam incorporadas ao “eu”.
O
autor afirma ainda que a mente humana pode realmente influenciar os
acontecimentos da nossa realidade, porém é preciso realmente acreditar nisso.
Nós,
no entanto, estamos somente nos tornando conscientes de um conhecimento da mais
remota Antiguidade. Na sabedoria védica podemos ler: “A razão de nós
crescermos, tornamo-nos velhos e morrermos é que nós vemos as outras pessoas
crescerem, tornarem-se velhas e morrerem. O que você acredita você se torna”.
Acontece na nossa vida tudo aquilo que acreditamos, consciente ou inconscientemente,
ser inevitável! (ANDREETA, 2004, p. 235).
Continua...
Ariovaldo Adriano Ribeiro
Fotos by Ariovaldo Ribeiro
Nossa, essa parte do texto está excelente, muito bem fundamentada. Parabéns!
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