quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Quem se atreve a ter certeza? - parte 5

Um estudo para a qualidade de vida e a gestão do "eu" 


Levar os leitores ao conhecimento e não levar o conhecimento aos leitores é a proposta de José Pedro Andreeta em Quem se atreve a ter certeza? A realidade quântica e a filosofia.

            Nessa abordagem, existe um fascínio, que, segundo Andreeta (2004, p. 25), sem dúvida nada deprecia mais alguém na busca do seu “eu”  do que a afirmação de que ele necessita de uma crença. Segundo ele, em nossa visão crítica habitual, crer é ter um comportamento místico, fundamentado em dogmas religiosos. No entanto, o autor destaca que todos somos crentes fervorosos, ainda que não gostemos de admitir. Nosso conjunto de crenças parece estar oculto, mas algo latente no ser humano o faz crer que algo bom se transformará, magicamente em nosso futuro. A todo instante, por exemplo, estamos criando nosso futuro e estamos fundamentando-o naquilo que cremos. A crença vem de uma sabedoria já presente e não adquirida.

            Para Andreeta, os conhecimentos científicos atuais parecem, portanto, convergir com os da filosofia antiga, que afirmam que tudo o que existe deve provir de uma única fonte.
            O que realmente pretendemos é que as nossas verdades possam ser ferramentas úteis para o desenvolvimento das verdades de cada um na busca da Verdade Absoluta (ANDREETA, 2004, p. 8).
            A obra ressalta ainda que a grande maioria das nossas limitações às quais nos impomos ou às quais atribuímos aos outros é criada artificialmente como consequência de um nível de conhecimento originado do desconhecimento de nossa capacidade. E que o conhecimento pode ser adquirido e assim, para ANDREETA (2004, p. 32), o mais seguro é adotar a visão científica de que tudo é possível.

       
     Quando nos questionamos, podemos romper com um condicionante. Principalmente quando estivermos com tendências que limite nossa capacidade. E Andreeta deixa uma pergunta: se queremos ser livres, qual o sentido de ficarmos construindo prisões artificiais?

A descoberta do “eu” passa ser a trajetória da busca do conhecer melhor a si mesmo. Andreeta discorre, ainda, que os grandes pensadores da humanidade tiveram acesso ao que ele chama de “conhecimentos” através de revelações.

Os conhecimentos eram revelados. E, segundo Andreeta, Carl Gustav Jung, o discípulo dissidente de Freud, parece ter encontrado a resposta. Jung, utilizando-se da técnica de estudo dos sonhos e desenhos, passou a dedicar-se profundamente aos meios pelos quais o inconsciente se expressa. Através da similaridade de vários pacientes, ele fez a sua mais importante descoberta: o “inconsciente coletivo”. Para Jung, enquanto o inconsciente pessoal consiste fundamentalmente em material reprimido e complexo, o inconsciente coletivo é composto, fundamentalmente, de certas imagens e símbolos que possuem profundos sentimentos de apelos universais, chamados de “arquétipos” e, que de um modo peculiar, são compartilhados por diferentes seres humanos.

O inconsciente coletivo, portanto, é uma faixa de conhecimentos codificados que todos nós podemos acessar. Andreeta descreve que nós não criamos algo novo, mas acessamos algo novo.

Do mesmo modo, as “revelações” dos conhecimentos de caráter filosófico e religioso feita aos homens da antiguidade dos quais muitos estão redescobertos atualmente pela ciência, parecem ter origem da decodificação desses arquétipos. Provavelmente o método utilizado está relacionado com a crença e a meditação, o silêncio (2004, p. 45).

            Andreeta ainda descreve que o “eu” pode ser observador e ter uma atitude ativa ou mesmo passiva. De certo modo, o ser humano gasta grande parte do seu tempo criando imagens teóricas sobre alguma coisa, mas quase nunca sentindo, agindo. Raramente vive no presente. Não é o que nós vivemos no passado, nem o que vamos viver no futuro, mas o que estamos vivenciando agora que pode dar sentido ao “eu”.
Para Andreeta, quando o “eu” for capaz de experimentar, deixará de ser observador e se transformará em uma parte do experimento, podendo, deste modo, atuar livre.
O autor (2004, p. 98) também afirma que, nas escrituras de todas as grandes religiões e em todas as grandes filosofias, existe o pensamento de que, para se encontrar a si mesmo, é necessário perder a si mesmo.
Tudo é experiência, ao abandonar a dramatização de como pode ser e ao se entregar ao fato daquilo que realmente é; livramo-nos da imagem, por exemplo, do medo e de todas as demais imagens negativas. Ao decidirmos sentir e vivenciar, ao aceitarmos tudo o que a experiência pode ser, podemos corrigir a nossa imagem.

O mesmo pode se dizer de todas as experiências diárias que tentamos evitar porque queremos proteger a nós mesmos. O que se rotula desagradável deixará de ser, caso decidamos experimentar e não resistir. Toda experiência é somente uma imagem e não uma experiência real. Deixar de resistir, não é uma atitude passiva, e sim ativa. É fazer com que o “rótulo” da mentalidade comum que existe nestes símbolos os conhecimentos que pertencem a eles no “inconsciente coletivo” não sejam incorporadas ao “eu”.

O autor afirma ainda que a mente humana pode realmente influenciar os acontecimentos da nossa realidade, porém é preciso realmente acreditar nisso.

Nós, no entanto, estamos somente nos tornando conscientes de um conhecimento da mais remota Antiguidade. Na sabedoria védica podemos ler: “A razão de nós crescermos, tornamo-nos velhos e morrermos é que nós vemos as outras pessoas crescerem, tornarem-se velhas e morrerem. O que você acredita você se torna”. Acontece na nossa vida tudo aquilo que acreditamos, consciente ou inconscientemente, ser inevitável! (ANDREETA, 2004, p. 235).

Continua...
Ariovaldo Adriano Ribeiro
Fotos by Ariovaldo Ribeiro

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